Pablo Capilé: ”O Fora do Eixo mudou o mapa da música independente brasileira”

PABLO CAPILÉ, produtor cultural, idealizador do Espaço Cubo, em Cuiabá, um dos coletivos fundadores do Circuito Fora do Eixo

O que é para você ser o rosto mais representativo do Fora do Eixo?

Pablo Capilé: Cada vez mais são vários desses rostos. O Fora do Eixo (FDE) é um grande movimento no Brasil e na América Latina. MUDOU O MAPA DA MÚSICA INDEPENDENTE BRASILEIRA. Começou com 5 festivais e hoje são mais de 300. O Grito Rock, por exemplo, está em 40 países e se tornou uma rede global de movimentação. Antes a gente tinha um sistema monetário próprio, o CuboCard, e hoje tem um banco. Existiam poucos blogs e hoje há uma equipe de comunicação atuante. Era voltado só pra música e agora trabalha com artes plásticas, dança, teatro, arte de rua, grafite, tudo. Então, é gratificante ser um desses rostos do FDE.

O FDE nasceu em Cuiabá, mas depois se instalou em São Paulo e foi rechaçado por ter vindo para o “eixo”. Como você encara essa crítica de outros produtores?

PC: Cara, essa é uma crítica vazia. O FDE não para de crescer nos municípios onde começou e estamos integrados com o mundo inteiro. Estamos em São Paulo, mas também estamos em Belo Horizonte, em Porto Alegre, em Cuiabá. O FDE NÃO SE MUDOU PARA SÃO PAULO, APENAS ESTÁ AQUI. É somente uma das 188 cidades em que o coletivo está presente, saca? As críticas da galera poderiam evoluir mais, mas pararam no tempo.

O que São Paulo pode aprender com as cidades fora do eixo?

PC: Falta ação coletiva aqui. SÃO PAULO PRECISA SE CONECTAR MAIS. Sair às ruas, encontrar gente, debater, discutir. Essa é uma característica forte em outras cidades, mas não tão comum em metrópoles, lugares maiores. É complicado, tudo atrapalha: o trânsito, o metrô lotado, a correria. E às vezes falta disposição para ir de reunião em reunião, de movimento cultural em movimento cultural. É mais fácil ficar em casa. Mas essa movimentação que eu falo é sólida no FDE. Tá no nosso DNA.

Qual o momento mais importante na sua trajetória como produtor cultural?

PC: Várias coisas foram importantes para mim. O primeiro grande congresso do FDE em 2008, em Cuiabá, reuniu um monte de gente do Brasil todo, gente que se envolveu, que debateu questões importantes. É FODA QUANDO UMA GALERA TÁ CHEIA DE IDEIA NOVA, DE IDEIA BOA! Outro foi quando o Grito Rock passou a ficar mais integrado, quando rolou o show do Emicida com o Criolo em Buenos Aires.

Por falar em show, a música ainda é o ponto forte do FDE?

PC: Nossos interesses estão cada vez mais distribuídos, mas a música continua com força. Construímos uma identidade forte por causa da música. Se o FDE é o que é hoje, é por causa dela. A MÚSICA NÃO ESTÁ SÓ DE PASSAGEM NESSA HISTÓRIA. Estamos envolvidos com outras manifestações, mas a música ainda tem lugar de destaque. Minha missão é essa. É continuar agregando não só música, mas mais artes em várias cidades, formar uma rede integrada cada vez mais forte. Quero ver arte por todo o Brasil.

 

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