Michael Franti, que parou de usar sapatos por protesto, sonha com um mundo mais engajado

Você pode até conhecer muitas pessoas engajadas, mas nenhuma delas deve ser como Michael Franti. O músico, que junto com a banda Spearhead, faz show dia 12 de novembro no SWU Music & Arts Festival 2011, se dedica tanto ao que propõe defender que anda descalço há 11 anos. Por quê? Porque milhões nunca sequer colocaram um sapato no pé. Dono de um estilo inconfundível, Michael sonha com o dia em que todas as pessoas irão defender uma causa e lutar por ela. Apaixonado pelo Brasil, o músico conta os dias para o festival. “Já toquei uma vez no Brasil, mas nunca fiz um show grande por aí! Então, mal posso esperar!”, avisou.

Michael atendeu com exclusividade ao Portal SWU na última terça-feira, logo após participar de um protesto contra a Usina de Belo Monte feito nos Estados Unidos. Confira o nosso papo com ele e entenda porque Michael Franti é um cara a ser admirado!

Primeiro uma curiosidade: você parou de usar sapatos. De onde veio isso?

Eu comecei a viajar para muitos países onde as pessoas não tinham grana para comprar sapatos. Um dia eu decidi passar três dias sem usar sapatos só pra ver como era. Desde então, 11 anos se passaram. Ano passado a gente começou a trabalhar junto com uma ONG que arrecada milhões de pares de sapatos e doa para países onde ocorreram desastres naturais, como o Japão, por exemplo, e também para as 300 milhões de crianças no mundo que nunca tiveram um sapato.

A gente sabe que você é um cara engajado em causas sociais e políticas. Acredita que, por ser artista, acaba tendo uma influência maior e um exemplo a ser seguido com mais facilidade?

Eu não acho que porque eu sou um artista, mas porque sou ser humano. Todas as pessoas deveriam se envolver. Professores, médicos, motoristas de ônibus, todo mundo deveria estar envolvido com o que acontece no mundo. Mas quando a gente faz música, a gente faz algo diferente. Não é como fazer política. Com a música a gente toca no emocional. Não é filosofia nem nada assim, é pura emoção e é por isso que a música é tão poderosa. Música inspira as pessoas a acreditarem que as coisas podem ser diferentes.  Se nós não fôssemos capazes de imaginar um mundo melhor, nós não conseguiríamos ir atrás dele. A música desperta o que nossa imaginação tem de melhor.

Hoje mais cedo você estava participando de um protesto. Qual era a causa?

Foi um protesto feito aqui nos Estados Unidos em prol da Amazônia e contra a usina de Belo Monte. Participei porque queria aprender sobre isso. A maioria das pessoas não sabe o que está acontecendo lá. Fui para aprender e poder transmitir essa mensagem para mais pessoas.

Vamos falar um pouco agora sobre sua música. No seu álbum mais recente, há canções em italiano e em espanhol. A ideia era passar sua mensagem pra um número ainda maior de pessoas?

Elas vieram de parcerias com alguns amigos. Claro que eu estava tentando atingir ainda mais pessoas. Mas a escolha das línguas veio por causa dessas parcerias.

Você já tocou por aqui, quais as suas expectativas pra essa vinda participando de um grande festival?

Eu já estive no Brasil três vezes, mas só toquei aí uma vez. Nas outras eu viajei bastante, conheci cidades, visitei favelas e pude fazer musica na rua com as pessoas. Tive chance de tocar com artistas como o AfroReggae. Mas eu estou muito ansioso pra voltar ao Brasil, porque nunca fiz um grande show por aí, então, mal posso esperar! Eu amo o Brasil, amo as pessoas, a dança, a música, a cultura.

O SWU não é só um festival de música, é também uma plataforma que difunde ideias para um mundo melhor. SWU significa Starts With You (Começa Com Você). O que pensa sobre um festival que promove a sustentabilidade?

Há um grande debate no mundo hoje sobre sustentabilidade e eu acho que a gente precisa que todo mundo se envolva. Precisamos das pessoas do dia a dia, dos cientistas, de pesquisadores, governos. Nós temos que considerar que há um fator econômico importante por trás, mas temos também que considerar que há o ambiente. Não podemos tomar decisões pautadas só no agora. Não podemos construir uma usina nuclear ou uma usina de carvão só porque estamos precisando de energia elétrica agora, sem pensar nas consequências que isso vai nos causar no futuro. Temos que achar soluções que façam o planeta se desenvolver, mas de uma forma equilibrada e sustentável. Ainda temos muito para aprender.

 

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23 respostas a Michael Franti, que parou de usar sapatos por protesto, sonha com um mundo mais engajado

  1. Natty Wy disse:

    Lindo e conciente!!

  2. com certeza um exemplo de atitude! vale a pena conferir o show dele!