Pimp My Carroça ajuda dezenas de carroceiros e pede mais visibilidade aos catadores de lixo

“Nunca imaginei que eu pudesse viver um dia desses. É uma ajuda que caiu do céu, minha filha.” O desabafo é de Geraldo Teixeira, de 53 anos, o primeiro carroceiro da longa fila que se formou no último domingo (03) para o Pimp My Carroça, durante a Virada Sustentável, em São Paulo.

A ação, que tem como objetivo valorizar e dar visibilidade ao catador e foi encabeçada pelo grafiteiro Thiago Mundano, reuniu dezenas de carroceiros, voluntários e curiosos no Vale do Anhagabaú. Seu Geraldo, que chegou ao local às 6h30, esperava ansioso o início dos trabalhos. “Sei que vão arrumar tudo aqui. Colocar pneu, reforçar a estrutura da carroça, uma pintura que eles chamam de grafite, né? Acho que vai ficar bem bonita”, disse o carroceiro, que retira das ruas uma média de 500 quilos de “lixo” por dia.

Mundano, que começou sozinho a dar um “up” nas carroças pela rua, ficou orgulhoso de ver o Anhangabaú cheio. “Eles são os verdadeiros agentes ambientais do Brasil. Não fazem isso por imagem ou fachada, como muitas empresas. Eles são reais e merecem ser valorizados não só hoje, mas todos os dias. É isso que a gente quer que a sociedade perceba”, disse.

Check-up

O Pimp My Carroça ofereceu a 35 carroceiros, além da “tunada” na carroça, atendimento psicológico, cabeleireiros, massagem para aliviar a tensão nos braços e ombros e atendimento com clínicos gerais, para checar olhos, boca, dentes e medir a pressão. Antônio Ozório, de 58 anos e carroceiro há 2, aproveitou para checar a saúde. “A moça disse que tá tudo certo comigo. Não tenho machucado na boca, só vou precisar trocar a dentadura, tá muito velha”, brincou seu Antônio, que saiu de lá com um kit de higiene bucal e seguiu para a tenda Pimpolhos checar a visão.

Gildo Leite da Silva, que assim como Antônio foi aprovado no exame médico, levou nota 10 também na criatividade. Uma das carroças que mais chamava a atenção era a dele: uma bike. “Não tenho força mais pra puxar carroça e como eu só cato latinha, a bicicleta me resolve”, explicou. A magrela tem um bagageiro na frente e um atrás. “Os dois estão bambos. Se eu sair daqui com isso arrumado, já tô feliz demais. Nem precisa desse negócio de pintura”.

Coloridas

Mas o “negócio de pintura” foi a parte que mais atraiu os olhares atentos dos carroceiros. Seu Geraldo, o primeirão da fila, estava lá ao lado quando o artista Vander Che começou a grafitar. “Ele me pediu que utilizasse cores que combinam com a bandeira do Brasil. Ele carrega duas na lateral da carroça”, disse o grafiteiro, feliz por contribuir com o projeto.

Quem também não parava de “bisbilhotar” os desenhos do grafiteiro Risada era Ari Santos, de 59 anos. “Eu vim já com um pensamento na cabeça, que eu pedi pra ele escrever. Quer ouvir? É assim: Quem não vive para servir, não serve para viver”, disse ele, orgulhoso da frase que criou.

O Pimp My Carroça encerrou as atividade do domingo com uma carroceata pelas ruas que cercam o Vale do Anhangabaú. Uma segunda edição do projeto deve acontecer ainda esse mês no Rio de Janeiro durante a Rio+20.

Abaixo uma galeria de fotos do Pimp My Carroça:

(Texto: Caroll Almeida / Fotos: Theo Lambert)

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