“Música livre não é doação”, diz Fernando Anitelli, líder do Teatro Mágico

FERNANDO ANITELLI, músico, ativista e líder do Teatro Mágico

O Fernando Anitelli é um músico ativista ou um ativista músico?

Fernando Anitelli: A responsabilidade social está em tudo o que faço. A partir do momento em que estou com o microfone, como cidadão e artista, é meu dever passar uma mensagem sobre cidadania, direitos das mulheres, dos negros, dos trabalhadores sem terra. FAZER ARTE É FAZER POLÍTICA. A função da arte nem sempre é ter respostas, mas ter o compromisso de debater as questões importantes.

Quais causas você toma para si e acabam interferindo na sua vida como artista?

FA: Na verdade, isso é inevitável. Só escrevo sobre coisas que sinto. O Teatro Mágico segue a premissa do porquê e para que de tudo. Não faço arte pela arte. Participo de oficinas, de fóruns (Anitelli já participou do Fórum Social Mundial e foi convidado para cerimônias do MST e da Marcha Mundial das Mulheres), e acima de tudo sou um cara ativo nas redes sociais. O QUE CANTO SÃO DESDOBRAMENTOS DE COMO VIVO, de como eu gostaria que o mundo fosse. Busco alimentar essa relação com amor, vida, cuidado com o lixo que se produz e também o que se produz do verbo falado para as pessoas, sendo também voz para o debate. Se conscientizar e contextualizar.

Você é um defensor da música livre. Para você, essa forma de consumir música é irreversível?

FA: Música livre é inevitável também. Nenhuma gravadora compreendeu essa nova economia digital. Valorizar não é prender a música, é fazer com que ela exista. Baixar nunca foi crime. A gente fazia isso com K7, reproduzia as músicas, dava de presente. Quando isso foi crime? Eu defendo o compartilhamento, o streaming, o trabalho com personalidade. INTERNET É UMA FERRAMENTA DEMOCRÁTICA E PODEROSA. As pessoas escutam, gostam, vão atrás. A música tem que ser livre.

Como a internet mudou o jeito que o artista produz e “vende” sua música?

FA: A música já não passa por um filtro de rádio ou gravadoras. A internet possibilitou um contato maior com o público, tirou o artista daquele pedestal. Agora é pé no chão. É um trabalho de formiguinha. É preciso entender que MÚSICA LIVRE NÃO É DOAÇÃO. É o artista gerando e gerindo a própria obra. É saber quem é o seu público e onde ele está. Você consegue atingir esse público mesmo estando fora das programações de rádio e TV.

Mas agora uma música cantada pelo Teatro Mágico, “Canção da Terra”, está na atual novela das 6 da Rede Globo. O que significa para você e para a banda?

FA: É uma vitória essa parceria. É um canal que tem visibilidade e vai fortalecer a mensagem da música, que fala sobre a luta pela terra. E tudo foi feito de uma forma muito transparente. E foi feito um acordo de que a música continuaria livre para as pessoas baixarem. Não foi difícil fazer esse acordo porque todo mundo tem uma ideia do que eu sou. Para mim, DUAS COISAS SÃO SAGRADAS: O PÚBLICO E A OBRA.

O Teatro Mágico ganhou uma votação como banda preferida do público para tocar na Virada Cultural. Acha que isso é fruto da relação que a banda mantém com os fãs?

FA: Isso mostra que a gente fez arte qualificada e democrática. Fico feliz de ver que o Teatro Mágico se consolidou dessa maneira, tem 4 anos que a gente não toca na Virada Cultural em São Paulo. Isso é o público mostrando o que quer, o que é bonito pra caramba. A gente ficar na frente de tantos outros artistas (o Teatro Mágico foi mais votado que artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque) é reconhecimento. E nós temos uma relação bacana com os fãs, com o pé no chão. NÃO SOU UM ARTISTA INALCANÇÁVEL.

 

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2 respostas a “Música livre não é doação”, diz Fernando Anitelli, líder do Teatro Mágico

  1. Marli Santana disse:

    Sou uma admiradora da arte de O TEATRO MÁGICO, em especial pelo que defende Fernando Anitelli. Sou sim uma fãn, antes porém, sou uma cidadã comprometida com o meu melhoramento, comprometida com a responsabilidade de deixar o melhor de mim para meus filhos, para que estes também possam cumprir sua missão enquanto cidadãos de bem, enquanto “seres humanos ativos” ,acredito que isso justifique todo ENCANTAMENTO que temos pelo OTM, eu diria em uma só palavra que há IDENTIFICAÇÃO, o OTM está em mim e eu estou no OTM. Muito obrigada.

  2. Fabricio Ribeiro disse:

    esse é o cara….Fernando Anitelli é um novo marco na música brasileira! sucesso sempre!