Lavarrápidos, antes símbolo do desperdício, investem em técnicas que reduzem o consumo de água

Horácio Bonoldi em frente a dois dos filtros que limpam a água para o reuso

Lavar carro sempre foi um símbolo de desperdício de água. Por isso, o Portal SWU quis saber: os lavarrápidos hoje se preocupam com a possibilidade de escassez de água no futuro? A boa notícia é que “sim”. Cada vez mais atentos aos conceitos de sustentabilidade, os lavarrápidos de São Paulo têm se adequado para que o gasto de água seja mínimo.

Segundo dados da Sabesp, a lavagem de um carro pequeno, se feita em 30 minutos, chega a consumir, em média, cerca de 560 litros de água. Mas hoje há estabelecimentos que conseguem deixar um carro limpo com apenas 45 litros. Um exemplo é o lavarrápido Multilimp, na Zona Oeste de São Paulo, que chega a lavar 100 carros por dia. Lá, a mesma água usada para lavar a lataria, parte nobre do veículo, também é usada nos pneus, rodas e na parte debaixo do veículo. Mas isso só é possível por conta de um sistema de tratamento de água montado no local.

“A água cheia de espuma que sai quando enxaguamos o carro é recolhida por canaletas e armazenada em tanques para decantação. Essa água decanta diversas vezes e ainda passa por diferentes filtros até ficar limpa, com pouquíssimo resíduo do xampu biodegradável. Só então a utilizamos novamente para lavar a parte baixa dos carros”, descreve o proprietário Horário Bonoldi, há 15 anos no mercado. “Hoje, meus clientes valorizam o nosso projeto e isso acaba sendo também um chamariz”, completa.

Adaptação

Quem não consegue fazer um pequeno centro de tratamento e reuso como Horácio – que investiu ao longo dos anos mais de R$ 100 mil no projeto sustentável – tenta reduzir o consumo de água de outras formas. No lavarrápido Gold Wing, a maneira que encontraram foi diminuir a pressão e a vazão das bombas de água. Mas um dos projetos do estabelecimento é construir um sistema de captação da água da chuva. “Creio que vamos reduzir o nosso consumo, que é hoje é de 38 m³ para menos da metade”, acredita o gerente Danie Jacob.

César Kanevari, dono do Minilave, disse que gostaria de fazer captação da chuva ou furar um poço artesiano, mas que a Sabesp, empresa de saneamento básico em São Paulo, “dificulta” o processo. “Eu, que gasto 35 m³ por mês, acredito que conseguiria abaixar essa quantidade. Mas os encargos aumentariam. Aí não compensa”, avalia o proprietário.

Segundo Marcelo Morgado, assessor de Meio Ambiente da Sabesp, o órgão incentiva programas de reuso da água e a utilização de poços artesianos, desde que o local tenha outorga e cumpra as regras da DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica).

Sem água

Geralmente localizados em shoppings e grandes supermercados, os estabelecimentos que não usam água para lavar o carro são considerados os mais sustentáveis. Consultor no segmento de limpeza a seco, João Neto explica que são economizados de 300 a 600 litros de água por carro em um sistema de lavagem a seco. “Utilizamos, em média, 250 mls de um produto líquido que substitui a água”, explica o consultor. A limpeza do interior do carro é feita como em um lavarrápido tradicional, com escovas e aspirador de pó. “A principal mudança é na parte externa, onde não utilizamos água”, continua.

A desvantagem é só o preço, em média R$20 reais mais caro que a lavagem tradicional, com água. “A lavagem a seco dura mais tempo e considerando os benefícios que ela traz ao longo do tempo, como a preservação da água, dependendo do ponto de vista, pode até sair mais barato”, avalia.

 

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